Auditoria do TCE detecta indícios de sobrepreço em concessão da Arena das Dunas e sugere suspensão de pagamentos
Auditoria realizada pela equipe técnica da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização da Copa 2014 (CAFCOPA) do Tribunal de Contas do E...
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Auditoria realizada pela equipe técnica da Comissão de
Acompanhamento e Fiscalização da Copa 2014 (CAFCOPA) do Tribunal de
Contas do Estado detectou indícios de sobrepreço no contrato de
concessão do estádio Arena das Dunas, o que poderá implicar em um dano
ao erário no valor de R$ 451 milhões no período de 15 anos. Além disso, a
equipe técnica imputou um dano ao erário efetivo de R$ 77 milhões, o
qual teria ocorrido até abril deste ano. Por conta dos indícios de
sobrepreço e das demais irregularidades imputadas no relatório, a equipe
técnica sugeriu a concessão de medida cautelar para suspensão dos
pagamentos das contraprestações mensais pelo Estado.
As conclusões da auditoria ainda serão submetidas a contraditório,
com possibilidade de apresentação de defesas, e passarão pelo crivo do
Ministério Público de Contas e do relator do processo, conselheiro Paulo
Roberto Chaves Alves, antes de serem levadas ao pleno do Tribunal de
Contas. Após todo esse procedimento, os dados levantados pelo Corpo
Técnico poderão ser ratificados, ou revistos, pela Corte.
Segundo o relatório de auditoria, o sobrepreço foi aferido ao se
comparar os custos da Arena das Dunas com a Arena do Grêmio, também
construída pela Construtora OAS. O custo por assento na Arena das Dunas
foi de R$ 12.749, enquanto que na Arena do Grêmio foi de apenas R$
8.875, indicando um sobrepreço de 43,65%.
Apesar de a concessão ter sido orçada em R$ 400 milhões, o custo a
ser pago pelo Estado apenas com a construção será de R$ 1,4 bilhão num
período de 15 anos, em valores corrigidos. Com base no sobrepreço de
43,65%, chegou-se a um dano ao erário estimado em R$ 451 milhões durante
o período de pagamento dos custos da construção do estádio. Até abril
deste ano, foram pagos pelo Estado R$ 288 milhões, implicando num dano
ao erário já efetivado de R$ 77 milhões.
O critério de comparar os custos das duas arenas construídas pela
OAS foi adotado por conta da falta de “orçamento detalhado em
quantitativos e preços unitários de serviços” na execução do projeto.
Dados como projeto executivo e estudo de viabilidade econômica nunca
foram apresentados pelas partes. Segundo o relatório técnico, a Arena
das Dunas informou “que devido à natureza do contrato de concessão em
questão, inexistiam documentos relativos a quantitativos e preços
unitários dos serviços, restando, assim, prejudicado o envio dos itens
relativos ao memorial de cálculo com levantamentos dos quantitativos e
dimensionamentos, orçamento detalhado, e composição dos preços
unitários, incluso BDI e encargos sociais”.
A equipe técnica destacou ainda a situação atípica observada na
construção da Arena das Dunas, quando se observa as isenções fiscais. No
RN, a Arena recebeu isenção para os mais variados tributos, entre eles
ICMS, IPI, ISS, IPTU, ITIV, PIS/Pasep, Imposto de Importação e Cofins.
Os demais estádios construídos no Nordeste não tiveram as mesmas
isenções e, ainda assim, a média de custo praticada nos demais estados
nordestinos foi de cerca de R$ 10.300 por assento, ou seja 40% mais
barato que os custos realizados no RN.
Na última quinta-feira (30), em cumprimento a despacho do
conselheiro relator, a Diretoria de Atos e Execuções do TCE expediu
notificações aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, às Secretarias
de Estado da Tributação e do Planejamento e Finanças, à
Procuradoria-Geral do Estado, ao Gabinete Civil do Governo do RN, ao
Departamento de Estradas de Rodagem do RN (DER/RN), à Secretaria
Municipal de Tributação de Natal e à Arena das Dunas Concessões e
Eventos, inclusive com a assinatura de prazo de 72 horas para que a
Arena das Dunas apresente o orçamento detalhado da obra.
