Especialistas alertam para os sinais do consumismo infantil

No Dia da Criança, os três filhos da dentista Márcia Armonia, 39 anos, sabem exatamente os presentes que querem ganhar. A mãe afirma que ...

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No Dia da Criança, os três filhos da dentista Márcia Armonia, 39 anos, sabem exatamente os presentes que querem ganhar. A mãe afirma que eles viram os brinquedos em comerciais da televisão e que vai comprar pela data especial deste 12 de outubro.

O problema, conta ela, é que os pequenos certamente brincarão pouco e logo abandonarão o brinquedo. “Isso já aconteceu um milhões de vezes. Eu brigo, mas acho que não faz efeito. Eles sempre querem mais, querem a próxima novidade”.

Segundo a doutora em antropologia e conselheira da Aliança pela Infância, Adriana Friedmann, sinais como esses apontam para uma situação cada vez mais enfrentada pelos pais: o consumismo infantil. De acordo com ela, quando uma criança deseja muito um produto vendido pela mídia, está respondendo a uma ilusão estimulada pela publicidade.

— Ela cria uma fantasia. A questão é que logo ela abandona aquele brinquedo porque a necessidade real dela é outra, que é mais um buraco emocional que tem ser preenchido, e só o pai e a mãe podem preencher.
De acordo com Friedmann, a criança que é acometida pelo consumismo infantil torna-se angustiada, dispõe de pouca paciência para enfrentar situações que envolvam frustração e quer que as coisas se resolvam rapidamente. 

— Tudo tem que ser para já. Parece um pouco como uma droga. E quando ela ganha o presente, há um alívio momentâneo, mas depois ela quer de novo [outro produto]. Parece um pouco com uma droga.”

Em alguns casos, o consumismo infantil pode desencadear até mesmo doenças, como alergias, depressão, agressividade, hiperatividade, ansiedade, além de febre e irregularidades no sono. 

— As crianças estão vivendo uma infância muito angustiante, isso é muito sério, as consequências são enormes. Temos que olhar muito profundamente para essa questão.

A avó e professora, Mariane Nogueira, 60 anos, prefere fazer ela mesma os presentes dos três netos. “Eu costuro, gosto mais de presentear com coisas mais significativas que brinquedos. Mas é difícil lutar contra a televisão, que é muito mais forte”, disse. Rendida, a avó foi a um shopping center em busca do brinquedo que um dos netos viu em um comercial de televisão.

Para estudar casos de abuso por parte da mídia, o Instituto Alana, organização não-governamental que avalia a publicidade infantil, fez uma parceira com a Universidade Federal do Espírito Santo para formação de um centro de pesquisa, que vai monitorar 15 canais de televisão abertos e fechados.

Segundo Mônica Xavier, assessora de mobilização do Alana, o trabalho começou no ano passado e se estenderá até o final de 2013. Durante os três anos de pesquisa, o monitoramento vai focar os comerciais veiculados nos dias que antecedem a Páscoa, o Dia da Criança e Natal, que serão comparados com as veiculações durante uma semana aleatória.

O objetivo é analisar o nível de assédio disparado pela publicidade contra as crianças. “O Código de Defesa do Consumidor, a Constituição e a Estatuto da Criança e do Adolescente deixam claro que  não se pode falar com quem não tem capacidade de discernimento”.

A pesquisa, continuou a assessora, ajudará a embasar a aprovação do Projeto de Lei 5.921, que pretende proibir a publicidade para a venda de produtos infantis.

Fonte: R7

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