Onde anda a sinceridade?
Virou moeda corrente nos nossos dias a ideia de que não vale a pena ser sincero, que sinceridade é falta de educação, que nunca, ...
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Virou
moeda corrente nos nossos dias a ideia de que não vale a pena ser
sincero, que sinceridade é falta de educação, que nunca, nem sob
tortura, devemos usar dela nos nossos relacionamentos sociais. Assim,
acreditam, podemos ficar bem com todo mundo e manter as amizades,
interesses profissionais e até mesmo os relacionamentos amorosos.
Sei que está longe de ser algo ruim querer evitar de sair por aí
jogando verdades na cara de mundo e ficar criando constrangimentos a
cada palavra ou frase proferida. Nosso objetivo, sobretudo em sociedade,
é manter bons relacionamentos, amizades duradouras e ser benquisto, não
é? Quem não quer se dar bem com todos e ser aquela pessoa “fofinha” que
todos querem ter por perto? E claro que todo mundo. Até eu.
Mas será que vale mesmo estar sempre, ou quase sempre, sendo falso e
dizendo exatamente o contrário daquilo que estamos pensando apenas para
ficar “bem na foto”? Não estaremos nós sendo falsos e hipócritas em
tempo integral e abrindo mão de levar uma vida baseada na verdade e na
sinceridade? Qual o motivo real de optarmos por tantas mentiras bem
intencionadas que não levam a nada mais que relações frias, vazias de
sentimentos autênticos?
Talvez essas perguntas não tenham respostas imediatas e nem tão
cedo possamos respondê-las. Porém, convido a que reflitam sobre o tema e
vejam quantas vezes optamos por assumir uma postura um tanto
dissimulada apenas para gerar controvérsias ou magoar a pessoa com que
estamos convivendo. Acabamos, muitas vezes, concordando com quem estamos
falando apenas para dar por encerrada a conversa e não ter que expor
nossos pontos de vista conflitantes.
Em nome da “boa convivência” guardamos para nós nossas opiniões e
damos a resposta que achamos que a pessoa queria ouvir, falamos apenas
aquilo que pode agrada. Afinal, não é de bom tom ficar criando polemicas
por aí, não é? Reza a lenda que: “em boca calada não entra mosca”. E
assim seguimos a vida. “Todo mundo tem telhado de vidro”, diz outro
ditado.
O que fica disso tudo são relacioamentos sem verdade. Acostumamos a
ouvir e a falar meias verdades e qualquer coisa contrária a isso
representa conflito, guerra. Estamos perdendo a capacidade de ouvir
opiniões diferentes das nossas, pois só queremos saber daqueles que
dizem “amém” a tudo o que apresentamos. Com isso, nascem os grupos, as
faxões, as gangs. Quem pensa diferente é inimigo, quem não concorda deve
ser evitado ou deletado de nosso grupo de relacionamento.
E assim segue a vida nesses tempos de relacionamentos virtuais.
Ops! Será que fui sincero de mais?
Por Julio Fernando Moreira